Mulheres na tecnologia: os desafios para aumentar a participação feminina no setor

Ninguém questiona que a contribuição feminina para inovação tecnológica é imensurável. Desde 1843, quando Ada King criou o primeiro “programa de computador”, as mulheres têm revolucionado o segmento da Ciência e Tecnologia.

Contudo, apesar do pioneirismo, infelizmente ainda há um imenso gap entre o reconhecimento e a competência inquestionável destas profissionais, que ainda são minoria neste mercado.

Mesmo com o crescimento da área e a alta demanda por profissionais capacitados, as mulheres representam menos de 13% do mercado de tecnologia

Seja no que diz respeito à equidade salarial entre gêneros, seja pelo machismo que limita as oportunidades, o protagonismo delas ainda necessita mais visibilidade.

Neste artigo, abordaremos um pouco sobre este assunto e quais são os principais desafios enfrentados por essa categoria para impulsionar sua presença no cenário de tech.

Exclusão e preconceito contra mulheres em TI

Nos últimos dois séculos, as mulheres tiveram papel importante no desenvolvimento tecnológico. Elas sempre existiram, inovaram e contribuíram para o desenvolvimento da área.

Seja pensando e criando componentes fundamentais de computadores, sistemas de programação, gestando o wi-fi, ou alcançando grandes feitos na Agência Espacial Norte Americana (NASA), o girl power se fez presente em vários momentos da História.

Entretanto, furar a bolha ainda é obstáculo. A capacitação feminina esbarra em um vício de origem, já que o próprio modo como a sociedade pensa e define o papel da mulher tem relação direta com o desenvolvimento de suas habilidades e competências.

Estudo publicado em 2016 pela Associação Americana de Pesquisas Educacionais mostra que a diferença de performance entre meninos e meninas surge já no Ensino Fundamental, como reflexo dos estereótipos culturais.

Do ambiente doméstico à escola, garotas costumam ser desestimuladas a investirem em Exatas. Segundo a pesquisa, isso implica que futuramente muitas prefiram não seguir carreiras em ciência, tecnologia e engenharia, por não terem confiança na capacidade de se destacar em Matemática, por exemplo.

Outro estudo da Universidade de Tel Aviv, em Israel, mostra um "viés inconsciente": professores tendem a dar notas melhores para meninos, mesmo quando a performance em relação a meninas é igual.

Os estereótipos de gênero atravessam toda a trajetória educacional e acabam por limitar a atuação de talentos que poderiam fazer a diferença se lhes fosse oferecida uma chance.

Oportunidades

Segundo a Women in The Boardroom, pesquisa realizada pela consultoria Deloitte, até 2021, cerca de 19,7% dos cargos em conselhos de administração do mundo eram ocupados por mulheres. No Brasil, esse número é de 10,4%, embora cresça timidamente a cada ano.

Embora longe do ideal, a conscientização sobre a equidade de gênero tem levado a iniciativa privada a adotar ações mais concretas para promover a participação feminina em cargos de liderança.

As empresas estão mais conscientes da importância de oferecer oportunidades iguais, todavia, além de serem cobradas para terem um conhecimento técnico acima da média, mulheres ligadas à tecnologia precisam ratificar as chamadas soft skills (habilidades socioemocionais), já que muitos tendem a julgá-las como mais emocionais do que racionais.

Para aumentar a representatividade das mulheres e favorecer a liderança feminina, é preciso realizar processos de recrutamento que alcancem também essas profissionais.

Como promover a inclusão das mulheres na tecnologia?

Não há dúvidas sobre como os benefícios de fomentar a movimentação feminina na área de tecnologia. Mas como mudar as estatísticas e um paradigma que transcende o mundo corporativo? Bem, essa não é uma resposta fácil, mas há indícios de quais são os caminhos a seguir.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constatou que a previsão é que em dez anos a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro deve crescer mais do que a masculina em muitas áreas — inclusive na ciência e na tecnologia.

É fundamental o investimento no recrutamento e na divulgação de oportunidades, além de ações inclusivas, como a criação de comitês internos de diversidade nas organizações, visando a melhoria da experiência profissional. Ouvir mais para compreender as demandas desta categoria.

É importante inserir temas envolvendo tecnologia desde cedo na educação, para despertar interesse e mostrar que elas não estão sozinhas nessa jornada.

É urgente a necessidade de educar e criar exemplos de sucesso para inspirar outras mulheres a buscarem seu espaço de direito no mercado de TI. Desse modo, empresas contarão com times mais diversos, com diferentes ideias, visões e modos de pensar os negócios.

Como contratar mulheres devs

Para reverter o problema da falta de diversidade no mundo da tecnologia, várias comunidades foram criadas para incentivar mais mulheres a programar. Conheça algumas dessas iniciativas:

  • Manas Digitais: Criada em 2018, a comunidade realiza práticas de caráter motivacional e informativo com alunas do Ensino Médio da região metropolitana de Belém do Pará, visando principalmente a equidade de gênero nas carreiras e cursos de Computação.
  • Preta Nerd: Blog e LiveStream sobre cultura pop, nerd e gamer numa perspectiva feminista negra.
  • Byte Girl:  Criada em 2015, realiza encontros anuais, atingindo em média 400 participantes em um dia inteiro de programação com convidadas de várias regiões do país. A iniciativa também produz ações, palestras e encontros ao longo do ano em prol da presença feminina nas exatas.
  • Developer Girls: A comunidade surgiu em 2016, a partir de uma competição de robótica na cidade de Campo Grande, onde foi a única equipe formada apenas por meninas, o que as motivou a desenvolver uma pesquisa sobre a participação de "Mulheres na TI".
  • Technovation Girl BR:  Technovation Girls é um programa do Technovation, que tem como missão capacitar meninas para identificar problemas da comunidade e criar soluções de tecnologia e engenharia que desenvolvam a liderança e habilidades criativas de resolução de problemas.
  • Rails Girls São Paulo: Oferece oficinas de introdução à programação na linguagem Ruby
  • Mulheres em IA: Promove aulas sobre Inteligência Artificial e Ciência de Dados
  • WE Impact: Rede que faz investimentos em startups de tecnologia lideradas por mulheres
  • PyLadies: Oferece oficinas de introdução à programação na linguagem Python
  • Minas Programam: Promove encontros e oficinas de capacitação
  • Programa Meninas Digitais: É um programa que faz parte da Sociedade Brasileira de Computação e possui grupos em diversas faculdades
  • perifaCode: Comunidade de pessoas da periferia que falam sobre programação
  • Elas Programam: Iniciativa de Silvia Coelho, Engenheira e LinkedIn Top Voice
  • Manas Game Dev: Comunidade criada para incentivar a adesão de mais mulheres na área de desenvolvimento de games.
  • Elas na TI: Comunidade criada para promover ciência, tecnologia e engenharia “delas para elas”
  • Tecno Gueto: Promove educação gratuita com o objetivo de ajudar pessoas de guetos sociais a se inserirem no mercado de tecnologia.
  • AfroPython: Movimento de inclusão e empoderamento de pessoas negras na área de Tecnologia da Informação.
  • Wakanda Streamers: Iniciativa voltada a reunir, integrar e impulsionar a comunidade preta de gamers e criadores de games.

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